Eu já sabia
Qualquer
evento esportivo realizado no mundo com a cobertura da TVGlobo, em um
determinado momento aparece no estádio várias faixas com os dizeres: “Eu já
sabia!”
Aqui
no nosso Estado, quando o governo resolveu entregar a administração dos seus
hospitais às Organizações Sociais de Saúde (OSS), escrevi o que está
acontecendo hoje – Eu já sabia.
O
período de incubação do primeiro escândalo, reconhecido pela própria Secretaria
de Saúde, acho até que demorou muito a ser divulgado oficialmente.
Com
um belo currículo de fracassos em outros Estados, as OSS chegaram aqui como
salvadoras da pátria.
Nosso
Estado, contrariando pareceres jurídicos, o Conselho Federal de Medicina, o
Sindicato Médico, os cursos de saúde da UFMT, a maioria esmagadora de médicos e
a própria opinião pública, bancou a livre entrada das OSS para tomar conta de
todos os hospitais do Estado.
Para
obter o voto que permitiu o contrato com as OS, o governo contou com o decisivo
apoio do representante da, outrora independente, UFMT.
O
pior é que esse assunto foi amplamente discutido com os professores envolvidos
com os problemas de saúde pública e a maioria se posicionou contra a entrega
dos hospitais públicos às OSS.
A
nossa UFMT agiu mais como um partido nanico da base de sustentação do governo
do Estado do que como uma casa de ciência.
Com
a vitória dada pela universidade, quando o placar estava em 12 X 12 no Conselho
Estadual de Saúde, o governo iniciou as contratações das OSS.
As
reclamações sempre existiram e o governo reagia, através da mídia, com o famoso
jogo do abafa.
O
escândalo com o desvio, ou aplicação indevida de R$ 50 milhões para os
Hospitais Regionais de Alta Floresta e Colider, não deu para esconder.
O
próprio Secretário Estadual de Saúde, por sinal excelente gestor e profundo
conhecedor dos problemas da nossa saúde pública, reconheceu a bandalheira com o
dinheiro público, rescindiu imediatamente o contrato e tomou outras
providências contra essa OSS.
O
atual secretário de saúde aprendeu nos bancos escolares da UFMT que o mal se
corta pela raiz e, agindo assim, adquiriu credibilidade junto aqueles que não o
conheciam.
As
irregularidades apresentadas pela OS não foi novidade para a presidente do
Sindicato dos Médicos de Mato Grosso.
Ela
já sabia - pelo passado dessa empresa de fins lucrativos por onde passou.
Ficou
surpresa apenas com a frágil fiscalização do Estado, gerando prejuízos aos
pacientes e ao erário público.
A
presença de OS em unidades de saúde pública é a porta de entrada para a
corrupção e desvio de recursos públicos, afirma o coordenador do Comitê em
Defesa da Saúde Pública.
A
OS teve o seu contrato rescindido e não é mais a responsável pela administração
de dois estratégicos hospitais do nosso Nortão.
Mas,
e agora? Como fica parte do dinheiro que foi pelo ralo da corrupção? O governo
tem a obrigação de explicar essa história ao pagador de impostos.
Excelentíssimo
governador, agora que sabemos que tão cedo não haverá recursos para o VLT, da
má vontade do governo federal com o nosso Estado, das viagens que o senhor faz
semanalmente a Brasília garimpando recursos para Mato Grosso e que o “disse de
hoje é o não disse de amanhã”, uma sugestão caseira:
Chame
o seu secretário de Saúde e diga a ele para dar um jeito nessa situação de
calamidade pública.
Ele
tem conhecimentos para recrutar profissionais competentes aqui e tentar
reverter essa humilhante situação em que nos encontramos.
Única
contrapartida necessária é que a Secretaria de Saúde e seus quadros técnicos,
não entrem no sistema de loteamento do poder.
O
que aconteceu, eu já sabia. E avisei.
Gabriel
Novis Neves
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