domingo, março 18, 2012

As águas caem de maneira dançante – pura Arte, e exibem um ritmo e uma cadência tal, que raios e trovões resolvem cortejá-las.


Uma carta ou à espera do Arco-Íris

12/3/2012


Prezado amigo,

Por aqui, chove.
Chove uma chuva bonita e triste, e plangente –em que pese a melancolia a chuva é música,com todos os fás, rés, mis e dós.
Ai de nós?
E as nuvens são muito escuras.Chove assim, de um tão simplesmente belo,que não haveria muito o que escrever sobre esse espetáculo da Natureza, com seu jeitinho maroto do déjà vu.
Ou são os nossos olhares que se habituaram? A gente se habitua, mas não devia.
Há que se apreciar de, um modo inteiramente novo e inusitado, jardins, praças, pedras,flores, insetos, animais de todos os portes,pessoas.
As águas caem de maneira dançante – pura Arte, e exibem um ritmo e uma cadência tal, que  raios e trovões resolvem cortejá-las.
Linda a corte que fazem os “mancebos” da chuva, às “meninas” que dançam.
Alguns amam o tamborilar das gotas, outros execram  os dias tempestuosos.
Em tudo há poesia, embora nem todos a sintam.
Outra chuva ocorre, no entanto, mas é dentro das almas, nas ruas todas, dos países todos,do mundo inteiro.
E escurece tanto o ambiente, que as almas gemem. Há um grito lancinante de dor no ar.
Guerras, ódio, orgulho, vaidades, veleidades,governos que desgovernam-  horrores mil.
Falta emprego, falta dinheiro, falta saúde, falta educação, falta dignidade, enquanto a ambição desmedida torna-se o império da mais aviltante perversidade.
Aqui tem sido assim.
Acolá também.
E deve ser igualmente alhures.
Não fico tranqüila assistindo às atrocidades  do momento atual do nosso Planeta, e pus-me aqui a refletir.
Há uma doçura na chuva – não me escapa esse detalhe.
A existência da possibilidade vindoura sobremaneira me entusiasma e me alegra.
Estou-me referindo ao arco-íris. Esse vem após a borrasca, e sempre o admiro, como se a primeira vez.
Amigo, estou a dividir com você os caminhos da Esperança.
Tais encontrei em meu coração. E me pergunto:
Haverá um arco multicolorido para o globo terrestre, que se faça nítido e por inteiro sobre todas as nações?
As águas vieram para limpar o solo tinto do sangue dos inocentes?
Sempre sua amiga, sou a sonhadora incansável, à espera do mais esplêndido arco-íris.
Abraços, com afeto de acalentar porvires risonhos.
                                                                 Eliana Crivellari
                                       

12 comentários:

  1. Lili
    "Haverá um arco multicolorido para o globo terrestre, que se faça nítido e por inteiro sobre todas as nações?
    As águas vieram para limpar o solo tinto do sangue dos inocentes?"
    Sempre haverá esses arcos coloridos para nos deliciar com sua beleza incontida....
    Riva-Santos-SP

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  2. Nana,
    muito obrigada pelo lindo arco-íris que trouxe
    para meu coração cansado,
    seu trabalho, magnífico,
    a encantar-me sempre,
    obrigada,carinho,
    Eliana Crivellari

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  3. Riva,
    sim, arco-íris,
    sempre um refrigério para nossas almas
    banhadas por tantos prantos e cantos, tristes lamentos, acalmados, assim, por doces momentos,
    obrigada,
    abraços, meu amigo,
    Eliana Crivellari

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    1. lili

      sua prosa sempre nos encanta, e encantará, aos olhos, à mente e ao espírito.
      continue nessa trilha, pois gostamos de sua veia literária.

      riva

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  4. Eliana,
    agora você me deixou sem palavras. A sua prosa poética encanta, e posso até sentir a chuva se esvair suavemente para dar lugar ao arco-íris. Sim, ainda que a chuva pareça tenebrosa, haverá sempre a esperança de um "arco multicolorido para o globo terrestre, que se faça nítido e por inteiro sobre todas as nações"!

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  5. Lili, esqueci-me de assinar o comentário acima. Aproveito para dizer que o trabalho visual de Ana Merij é um espetáculo à parte.
    Beijos,
    Pauline Oliveira - BH - MG

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  6. Lili que venham os arco-íris.
    Bjos, Fernanda.

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  7. Belas palavras desta colunista,a Amiga. Que amiga diriam uns? Reafirmo, nossa colunista, a nossa amiga Eliana Crivellari. Ela começa sua coluna tratando-nos por amigos, e podemos dizer que é uma grande amiga, não é? Vejam: escreve com palavras doces, alerta-nos para como a nossa sociedade está perdida, se conformando com aquilo que é inaceitável, e perdendo a capacidade de amar o belo, a vida, a natureza. Mas alguns diriam: o que é o belo? O belo é isso que nossa amiga disse: o dançar da chuva, o gotejar da águas, os pássaros, os jardins,tudo aquilo que representa vida de forma geral. A nobre colunista escreve com uma leveza, com uma beleza ímpar. Agora pergunto-lhes:Quem nos abre os olhos assim, é ou não é amigo? Obrigado amiga Eliana Crivellari. Com suas palavras tão inspiradoras pretendo melhorar minhas relações, cultivar melhor os laços de afeto, valorizar as coisas que realmente importam. Afinal, para termos um mundo melhor, temos que começar por nós, valorizando as mínimas coisas. Quão belo arco-íris nos trouxe com este texto. E parabéns pela foto que arranjaste para ilustrar este texto: muito belo o arco-íris a iluminar a pessoa da foto. Parabéns e obrigado.

    Ricardo Nóbrega - Paraná

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  8. Ricardo,
    Grata pela leitura e obrigada pelas palavras de incentivo.
    Pauline, o mesmo quanto a você - fiquei muito feliz com o que escreveu.
    A todos:
    os belos trabalhos visuais em todos os artigos de todas as colunas são o resultado esplêndido
    da Arte da Ana Merij, a qual sempre nos maravilha com esses lindos brindes.
    A todos, continuem a visitar Literacia e a revisitar a coluna de Filipa Saanan.
    Afeto,
    Eliana Crivellari

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  9. Uma palavrinha a Fernanda:
    Sim, que venham os arco-íris, a coroação de nossos enfrentamentos, sonhos e esperanças.
    Grata,
    Carinho,
    Eliana Crivellari

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  10. Riva,
    Obrigada por mais um comentário bastante incentivador.
    E quem de nós de estímulos não necessita?
    Há um dever a cumprirmos na Terra.
    Para cada um a estrada é uma.
    Para você, Administração, área em que se graduou e atuou com brilho.
    Um outro caminho é a Literatura.
    Outro leque poderá se abrir a partir desse.
    Veja e ouça, na coluna Caleidoscópio, a fala de
    Deslanieve Daspet.
    Muito importante o que diz.
    Sugiro que leia todos os colunistas, mas, se tempo não lhe sobrar, não perca as colunas
    de Ana Merij, Lívia Abdala e Valentina Latiffa.
    Obrigada por seguir acompanhando Literacia.
    Abraços amigos,
    Eliana Crivellari

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  11. Gostei. Tudo muito bonito, desde a foto lá em cima até este texto onde você se supera sempre.A chuva que me deixa sempre chateada e nostálgica fica bela da forma que você fala. Parabéns.
    Thelma

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