sexta-feira, abril 06, 2012

Almofadas que nos descansassem a coluna do espírito, curvada aos sofrimentos.

Almofadas de amamentar
                                  Eliana Crivellari

Profissional liberal, trazia Maria Eduarda no ventre.
A gravidez adiantava-se, e, gestante de primeira viagem,Júlia não se conformava: ainda não pudera comprar uma poltrona de amamentar.
Uma de suas clientes, afeiçoada, comoveu-se.
Pesquisou, fez buscas na Internet, e descobriu as cômodas almofadas de amamentar.
Lindas, criativas, são mais práticas essas que as  cadeiras, e podem ser levadas para aonde bem se entender.
Com a vantagem de serem facilmente laváveis.Foi o presente que caiu do céu.
Júlia não se continha de emoção ao recebê-lo, até dispensando a ideia do caríssimo móvel para o mesmo fim.
Assim são as mulheres das gerações atuais.
Enquanto assistimos às jovens de hoje, a facilitarem tudo para si mesmas, com graça e muita inteligência, lembramo-nos de que  nada nos ajudava  tanto em nosso desempenho nos deveres junto aos filhos.
Já pensaram, agora, se outras almofadas tivéssemos?
Como seria bom!
Almofadas que nos descansassem a coluna do espírito, curvada aos  sofrimentos. Almofadas nas quais deitássemos preocupações próprias dos momentos deste início de século XXI , não para amamentá-las – ah! isso jamais, para adormecê-las tão somente, pouco fosse.
Almofadas de amamentar Esperança!
Quem sabe existirão?
Almofadas que  carregassem por nós o peso do cotidiano, agruras mil, combates de nossas almas.
Tanto faria, fossem ricamente trabalhadas, ou em simples tecido de estrelinhas coloridas – detalhes não vêm ao caso.Apenas almofadas macias em que repousássemos nossos corações cansados, qual acalanto em entardeceres de dias muito quentes.
Esqueceríamos,  por breves instantes, causas a nos exigirem  sérios enfrentamentos, militâncias urgentes por um mundo que sonhamos mais justo, mais fraterno, mais humano, mais regenerado em suas mazelas sociais.
Será que não estamos sendo criativas uma vez mais?
Aleitamentos que nos sacrificam, onde as almofadas?
Não sei, por vezes desconfio ser coisa só a elas destinada: as que virão, e saberão bordar os contornos dos lençóis da vida,qual não soubemos até então.
Almofada, quem me inventa uma almofada de ninar devaneios de futuros risonhos?

10 comentários:

  1. Eliana, amei seu texto. Que delícia! Salvei para ler, reler. Beijos. Meirinha.

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  2. Recostei minha cabeça em cada linha do seu texto e entrei no sonho das reconfortantes - e tão desejadas - almofadas.
    Parabéns a Ana Merij, parabéns a Literacia, pela edição especial e por contar com a presença desta maravilhosa escritora, Eliana Crivellari.
    Pauline Oliveira - Belo Horizonte

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  3. Eliana, mãe querida,
    obrigado por este texto publicado. Reconfortante estas almofadas da alma. Se pudesse,teria uma, e não me importaria que fosse a mais simples. Parabéns pelo texto, parabéns á Literacia por esta edição comemorativa. Aos idealizadores desta revista, desejo todo o sucesso do mundo, e que Literacia possa contribuir na construção de um novo Brasil, sendo permanente fonte de cultura e entretenimento.

    PARABÉNS LITERACIA - JUNIOR

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  4. Volto com breve correção ao que dissera antes:
    aos colaboradores desta revista desejo muito sucesso.
    À idealizadora, Mestra, tenaz Ana Merij, votos
    de êxito, e mais e mais acessos para Literacia,
    Junior -filho da Eliana Crivellari

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  5. Lili

    Que texto interessante, gostoso, diferente... Adorei! Mil bjs
    Belvedere

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  6. É muito bom ler seus textos principalmente ao iniciarmos nossas tarefas diárias.Nos anima. Thelma

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  7. Eliana, quanta beleza! Como é bom ler um texto de tamanho bom gosto... Adorei! Parabéns pela revista e pela coluna!
    Beijos! Luiza

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  8. Eliane, quanta criatividade, sensibilidade...
    Adorei!!!
    Beijos,
    Fernanda.

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  9. Eliana minha amiga!!! parabens! que texto mais lindo adorei muito e ja indiquei para algumas pessoas ok?? bjus querida Nanci

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  10. ELIANA OU LILI.
    O SEU TEXTO ME FAZ VISUALIZAR MUITAS ALMOFADAS EM TONS PASTÉIS E UMA SUAVE LUZ VINDA DA ESQUERDA E UM AROMA SUTIL DE ROSAS.
    EM UM CLIMA DE PAZ, SINTO-ME ACONCHEGADA NUM COLO, TALVEZ DE MINHA MÃE.
    LINDO, NATURAL E SUAVE. PARABÉNS, Nelma

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